O Conselho Consultivo do Rádio Digital realizou a última reunião do ano 2012, no dia 13 de dezembro, no Ministério das Comunicações. Participaram da reunião representantes dos dois sistemas, DRM (Digital Radio Mondiale) e HD Radio (iBiquity), e pesquisadores do Rio de Janeiro que trabalham na aplicação do middleware Ginga para o Rádio Digital.
Os principais itens em pauta foram as ferramentas de interatividade para a nova tecnologia e os testes de FM realizados em julho em parceria com o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
Durante a reunião também foi apresentada uma pesquisa sobre o perfil do radiodifusor no Brasil.
A equipe brasileira que criou a ferramenta de interatividade Ginga para a TV Digital, reforçou a possibilidade de adaptar para o rádio as idéias pensadas para a televisão.
“A tecnologia de rádio digital pode oferecer uma série de avanços, como interatividade e uma série de aplicativos e potencialidades para educação, saúde, e as mais diversas políticas públicas”, disse Octavio Pieranti, diretor de Acompanhamento e Avaliação de Outorgas do Ministério das Comunicações. “Tudo isso está no horizonte, mas antes precisamos verificar se os sistemas têm boa cobertura e qual seria a melhor configuração deles”.
Segundo Pieranti, o governo pensa em realizar novos testes em 2013 com os dois padrões DRM e HD Radio, já que a cobertura dos testes realizados em julho de 2012 não foi satisfatória. “Como temos grande preocupação com zonas de sombra e com a cobertura, nós cogitamos fazer novos testes. Adotamos como premissa que o rádio digital não pode excluir. Ele tem que incluir”, disse.
Segundo o diretor, uma das propostas discutidas pelo Conselho é já incluir questões como multiprogramação e interatividade em eventuais novos testes.
“Até o momento, não há características que indique uma superioridade expressiva de nenhum padrão sobre o analógico”, explica o diretor-geral da ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Luis Roberto Antonik. “As áreas de coberturas do DRM e HD Radio para FM são praticamente as mesmas, ou seja, atingem 70 por cento da cobertura do sinal analógico, e os delays são próximos nas duas tecnologias, variam entre 6 e 8 segundos, por exemplo”, disse Antonik.
Para o Secretário de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Genildo Lins, os testes com as duas tecnologias tiveram resultados ruins, especialmente os de FM em alta potência. “O futuro do rádio é digital, mas esse futuro ainda não chegou. Não temos condições de tomar uma decisão diante desses resultados”.
Ainda segundo Lins, os novos testes para o rádio digital estabelecerá parâmetros iguais para ambas as tecnologias. “Houve variação de potências, a recepção dos equipamentos não era a mesma. A comparação entre os dois sistemas é complexa”, disse.
Os resultados dos testes realizados com o DRM e o HD Radio estão disponíveis no site do Ministério das Comunicações.
O Secretário do Ministério, Genildo Lins, também confirmou que os canais 5 e 6 de televisão serão destinados ao rádio AM.
Segundo os debatedores, a transição das emissoras de ondas médias para os canais 5 e 6 permitirá que elas funcionem em uma faixa estendida de FM. Sendo esta a melhor solução para valorizar o rádio AM, que sofre continuamente com interferências.
O Conselho consultivo foi criado em 15 de agosto de 2012, pelo Ministério das Comunicações, para auxiliar na implantação do sistema de rádio digital no Brasil. O grupo conta com representantes do Governo Federal, do Poder Legislativo, do setor de radiodifusão e da indústria. Desde a sua criação em agosto, o grupo teve quatro reuniões.
A próxima reunião do Conselho Consultivo do Rádio Digital está prevista para fevereiro de 2013.
